A CULTURA VISTA À LUPA_JN


A CULTURA VISTA À LUPA
Estudo, apresentado ontem, segunda-feira, aferiu o peso do sector na geração de riqueza e de emprego

O sector cultural e criativo português gerou, em 2006, mais riqueza e emprego do que as indústrias têxteis e de vestuário e de alimentação e bebida. Conclusões de um estudo ontem, segunda-feira, apresentado, que visou aferir o peso do sector na economia do país.

O estudo, encomendado pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério da Cultura à consultora Augusto Mateus & Associados, foi apresentado ontem, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença da ministra da Cultural, Gabriela Canavilhas, do antigo detentor da pasta, Pinto Ribeiro, e Mega Ferreira, entre outras personalidades.

O trabalho teve como principal objectivo determinar até que ponto o sector cultural e criativo é gerador de riqueza e de empregos. Os resultados, sublinhou a directora do GPEARI, Joana Gomes, "foram supreendentes".

Em 2006, ano a que reporta o documento, este sector foi responsável pela criação de mais de 308 mil postos de trabalho e de 3690 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto, mais do que as indústrias têxteis e de vestuário e de alimentação e bebidas. Números que, mesmo assim, não conseguem atrair a atenção dos decisores políticos. "É mais fácil captar o interesse dos políticos para o sector têxtil e do vestuário do que para o cultural e criativo", sublinhou Augusto Mateus, coordenador do estudo.

Neste sector predominam as micro e muito pequenas empresas, sendo que 87% dos estabelecimentos têm menos de 10 trabalhadores. A maioria são mulheres (55%) e jovens (38% têm entre 25 e 36 anos).

Quanto à implantação territorial, mais de metade dos estabelecimentos e do emprego gerado concentram-se na Grande Lisboa, Grande Porto e Península de Setúbal. No pólo oposto, nove das 30 regiões (que representam menos de 1% dos estabelecimentos) alcançam, no seu conjunto, apenas 6,2% do total de empregos gerados pelo sector.

Anti-subsidiodependência

Portugal contribui apenas 1% do total das exportações da UE-27 e 1,5% das importações europeias. O ritmo de crescimento das exportações portuguesas ficou aquém da média europeia (14% face a 51%) . A categoria de design representa a maior fatia dos fluxos de comércio internacional.

Para a ministra da Cultura, os resultados ontem apresentados indicam que "o sector cultural tem potencialidade e que, devidamente estimulado, pode gerar retorno económico". Com as conclusões na mão, Gabriela Canavilhas referiu que é chegada a hora de "reorientar e repensar estratégias", que permitam contrariar o estado de subsidiodependência em que se encontra o sector.

A governante salientou ainda que "a inclusão da componente criativa é um sinal de mudança de paradigma" daquilo a que habitualmente designamos por sector cultural, ou seja, apenas "a criação e transmissão de saberes". Ideia partilhada por Augusto Mateus, para quem "as políticas mais interessantes e responsáveis não afastam a cultura da criatividade e do conhecimento".

JORNAL DE NOTÍCIAS
FÁTIMA MARIANO
2010-03-02

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