CONVERSAS À VOLTA DA MESA - MANUEL AIRES MATEUS + ALBERTO DE SOUZA OLIVEIRA, DIA 31 DE MAIO, ÀS 19H


MANUEL AIRES MATEUS nasce em Lisboa, em 1963, e forma-se em Arquitectura na F.A./U.T.L., em 1986. Colabora com o arquitecto Gonçalo Byrne desde 1983. Colabora com o arquitecto Francisco Aires Mateus desde 1988. Professor Convidado na Graduate School of Design, Harvard University, em 2002 e 2005, e na Fakulteta za Arhitekturo, Universa v Ljubljani, Ljubljana, em 2003-2004. Professor na Accademia di Architettura, Mendrisio, desde 2001. Professor na Universidade Autónoma de Lisboa, desde 1998. Professor na Universidade Lusíada de Lisboa, desde 1997. Monitor na F.A./U.T.L., de 1986 a 1991. Assistente na F.A./U.T.L., de 1991 a 1998. Assistente na Universidade Lusíada de Lisboa, de 1988 a 1990.
Participação em exposições, conferências e seminários. Vencedor de vários prémios internacionais, Manuel Aires Mateus foi distinguido, em 2002, com o Valmor, com a Reitoria da Universidade Nova, em Campolide.

PARQUE MAYER

A proposta funda-se na extensão da massa arbórea do Jardim Botânico, desde o actual limite até ao tardoz da periferia construída. Além de promover a continuidade ecológica com a Avenida, cria-se assim um anel de protecção, que permite uma utilização intensa e absorve o impacto nefasto da poluição, ajudando a preservar o equilíbrio do Jardim Botânico.

Aqueles espaços verdes são, na realidade, as coberturas do novo edificado. Mas, mais do que edifícios de cobertura ajardinada, o que se propõe é a ocupação dos espaços resultantes, sob os grandes planos contínuos que modelam a plataforma à cota superior. Noutros moldes, o paradigma é o da cidade histórica: elevada ocupação do solo, baixa altura de construção. Embora contínua em conceito, essa camada edificada é profusamente aberta: permeável às ruas circundantes, atravessável no seu interior, recortada para o céu. Qualificando alguns troços existentes e criando outros, gera-se uma malha de espaço público pedonal que articula as duas cotas; o Capitólio é reenquadrado numa nova praça, onde todos os percursos desaguam.

Implementação de novas actividades e revitalização das actuais devem gerar mútuo benefício. Em torno do Capitólio recuperado, será natural um pólo de artes performativas; na Politécnica, propõe-se um de artes plásticas. São actividades afins, com impacto económico-social e margem de crescimento; escolas e workshops, associados a residências temporárias, podem garantir uma programação de eventos em ambas as áreas, de forma continuada e económica. E, sobretudo, podem informalmente interagir com a vida da cidade, tomando o espaço público como palco principal. Já o desafio do Jardim Botânico é diferente: recuperá-lo e divulgá-lo sem comprometer um equilíbrio delicado e precioso.

ALBERTO DE SOUZA OLIVEIRA licenciou-se em Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1969. É Master of Architecture pela Louis Kahn’s Class, na Universidade da Pensilvânia, em 1973. Trabalhou no Louis Kahn's Office, em Philadelfia, EUA, durante 1973.
Integrandou a equipa do Plano Director Municipal da Câmara Municipal de Lisboa de 1971 a 1972. É projectista desde 1969 e, desde 1998, concilia o ensino da Arquitectura com a sua empresa de projectos – Souza Oliveira, Lda., sendo autor de diversos edifícios públicos e projectos urbanos, nomeadamente o Campus da Universidade Nova de Lisboa e a Biblioteca e Arquivo Municipal de Lisboa em co-autoria com o Arq. Manuel Mateus. Dos projectos mais recentes destacam-se a Escola Superior de Gestão (IPCA), em Barcelos, a Residência Alfredo de Sousa da Universidade Nova de Lisboa, duas casas na Vila Utopia, em Oeiras, um edifício de habitação – Lisbon Stone Block - e a Reabilitação do Edifício do Capitólio, no Parque Mayer.

EDIFÍCIO DO CAPITÓLIO

A integração do Capitólio pressupõe uma aproximação cénica ao sítio urbano: o Parque Mayer.
Transformar o Capitólio é repor a sua “grande sala” e abri-la, lateralmente, para uma praça que “encaixa” o espectáculo. O conceito explora a capacidade de reconversão e adaptação do espaço à mutação da relação público/actores. A reabilitação do edifício vem repor e melhorar a versatilidade do espaço e responder às novas exigências da produção contemporânea de espectáculos. A flexibilidade exigida corresponde a ampliar a capacidade de uso e o apetrechamento técnico, adaptando o espaço a múltiplos formatos. A retoma de funcionalidade do Capitólio pressupõe apetrechar o “palco” e a “caixa” com meios técnicos de cena (luz, som e vídeo) sendo exigível que o “esqueleto técnico” pretendido seja minimizado, sob pena de “descaracterização” da “caixa”. Compatibilizar meios técnicos “mais pesados” com a leveza do edificado levantou o problema da “intocabilidade” do Capitólio como peça arquitectónica, ao pretender manterem-se as linhas modernistas do edifício, e esse foi o exercício de projecto.

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